Ao longo da vida, aprendemos Matemática, Português, Inglês, Ciências… Mas quem nos ensina a lidar com a partida de quem amamos? E com a nossa própria?

A morte sempre foi um assunto que me causava pavor. Confesso: eu suava frio só de ouvir alguém tocar no tema.

Com o tempo, porém, fui percebendo a imponência que ela carrega. Quando chega — como sempre chega — e leva alguém que amamos, temos uma escolha íntima a fazer: encará-la como inimiga... ou reconhecê-la como parte natural da vida.

Hoje, depois de sepultar tantas pessoas amadas e que eram meus pilares, acredito que o nosso maior medo nem é da morte em si, mas da forma como ela acontece.

O jovem que morre em um acidente. O amigo que infarta de repente. A pessoa amada que parecia tão bem. A criança que tem a vida interrompida. São histórias que nos atravessam porque nos pegam desprevenidos. Porque mostram que não temos controle algum.

No fundo, a morte é um evento rápido. Um instante. Mas as consequências da sua chegada duram muito mais: o luto, o silêncio, a tentativa de reorganizar a vida sem quem partiu.

É isso que dói. E é justamente por isso que precisamos falar sobre ela. Precisamos aprender a lidar com a finitude — nossa e dos outros — com mais sensibilidade, menos medo e mais preparo emocional.

A sociedade evita o tema, o luto é mal compreendido e quem está sofrendo sente uma cobrança silenciosa para “superar” logo e seguir em frente — como se a dor tivesse prazo de validade. Afinal, o mundo não para.

Falta educação emocional. Não aprendemos, em casa, na escola ou mesmo na faculdade, a falar sobre morte com naturalidade. Não há espaço para conversar sobre o fim com quem amamos — até que ele chega, e nos desestrutura.

Esse livro nasceu desse lugar: da dor, da reflexão, da transformação. Ele é um convite para olhar a morte com mais coragem e humanidade — não como um ponto final, mas como parte do enredo da vida.